O cenário mundial atual se sentencia por países em crise econômica agravada, as dificuldades do período pós-pandêmico e a atual guerra entre Rússia e Ucrânia trouxeram a falta de suprimentos, interferindo na inflação global, encarecimento de preços desde produtos alimentícios a bens duráveis, derivados do petróleo (combustíveis, gás etc.), fertilizantes (o Brasil, por exemplo, compra cerca de 20% do mercado russo) e tudo mais. E a roda gira esse panorama para a falta de crédito às populações, alta de juros, falta de acesso a itens básicos de saúde e alimentação, empobrecimento das pessoas.
Com essa perspectiva, a Sezzle chega ao Brasil. A fintech fundada nos Estados Unidos em 2016 busca acelerar o comércio varejista de pequenos e médios lojistas oferecendo pagamento digital BNPL (Buy Now, Pay Later, do inglês, Compre Agora, Pague Depois) aos consumidores que não têm acesso a cartão de crédito e ou possuem baixo limite de crédito.
Em países onde sua presença já está consolidada, como Índia, Canadá e alguns outros europeus, a startup já possui mais de 10 milhões de usuários, dos quais 35% fizeram compras utilizando a plataforma nos últimos 3 meses. No último ano, somam-se um total de US$ 120 bilhões em transações utilizando essa modalidade de pagamento – o dobro de 2020. E a expectativa para 2026 é um cifra de US$ 576 bilhões.
O Brasil é o primeiro país latino-americano do projeto de expansão da Sezzle, o qual inclui Argentina, Chile e Colômbia na sequência. Mas qual o benefício que fintech traz aos brasileiros, sejam eles consumidores e empreendedores?
Bom, aos consumidores há a possiblidade de parcelamento de suas compras em até 4 parcelas quinzenais, sem juros e com aprovação imediata, mesmo que não possua cartão de crédito ou tenham baixo limite de crédito. Outro diferencial é a possibilidade de reescalonar parcelas, isto é, adiar pagamento para a parcela final caso o consumidor verifique a impossibilidade de pagamento em algum momento.
Já aos lojistas, a plataforma permite a aceleração nas vendas e aumento no fluxo de caixa, uma vez que o valor da compra entra na conta CNPJ no dia seguinte, além de oferecer programa de fidelidade, cupons de desconto para ações específicas e ainda campanhas de marketing divulgando essa opção de pagamento diferenciada e seus benefícios aos consumidores. O conceito BNPL ainda tem muitas discussões no Brasil, porém o risco de inadimplência e fraudes, e a gestão do recebimento das parcelas, é por conta da própria fintech.
Sua estrutura no Brasil está localizada em Salvador, Bahia, e já conta com 21 colaboradores sob o comando do empreendedor João Pedro Teles, que em 2019 havia fundado a Bankman e assim migrou o networking já existente para a Sezzle. Teles projeta nesses primeiros 12 meses de atividade uma média de 10 mil usuários no país, 30 mil transações que movimentarão R$12 milhões em GMV (volume bruto de mercadorias) e receita de R$ 862 mil, através de 500 lojas parceiras.
Já a expectativa para 2023 no Brasil é triplicar o número de lojas parceiras, e ainda crescer o número de usuários para 65 mil, GMV para R$ 100 milhões e receita de R$ 7,5 milhões. Os principais desafios para alcançar os números projetados é criar awareness no mercado brasileiro desse novo formato BNPL e aportar investimentos num momento que o mercado está um tanto receoso para ceder recursos a terceiros.